O que significa “Sleep Talk”?
A primeira vez que ouvi falar sobre esse método foi há 8 anos quando uma das médicas que nos atendia me deu uma folha com a técnica do livro “neurônios dourados” e sugeriu que tentássemos aplicar com Francisco.
A ideia era esperar a criança dormir em sono profundo (NREM), primeiro elogiá-la falando o quanto era amada: “Você é muito amada, inteligente, uma criança amorosa, você está segura…”, tinha um roteiro de frases, mas eram todas positivas.
Depois, reforçar o comportamento que gostaríamos de mudar ou até mesmo tornar algum momento de mudança mais tranquilo. Por exemplo: Antes de uma longa viagem: “A nossa viagem será maravilhosa e tranquila, nós vamos nos divertir muito…”.
Há mais ou menos 3 anos conheci o método “Sleep Talk” que em base percebi ser parecido (mas, mais estruturado). É basicamente conversar com a criança no estágio de sono NREM, nas ondas mais profundas. Até porque, se você fizer isso em sono REM irá acordar a criança, assustá-la e atrapalhar o sono, piorando a situação.
A ideia central é trabalhar o subconsciente da criança enquanto ela dorme (tornando o conteúdo inconsciente), pois no momento do sono quem está no comando é o subconsciente. Frases negativas e a palavra NÃO, não devem ser faladas. Não é um método reconhecido e/ou comprovado cientificamente, mas muitos pais relatam mudanças significativas no comportamento das crianças.
É importante falar baixo e de forma clara (falar, não cochichar). Falar com calma, amor e segurança, reforçando todos os dias o mesmo assunto até que a mudança ocorra. Algumas leituras sugerem que devemos fazer isso desde a gestação. E outras, a questão das mudanças dos 2 aos 12 anos.
O que eu penso como profissional?
Acredito que tudo que os pais desejam mudar é possível a partir do momento em que tornam isso um objetivo e se movimentam para que ocorra. Vou explicar:
Quando dormimos o nosso consciente descansa e o nosso subconsciente fica ativo dando sentido e organizando os eventos do dia. A mente subconsciente é a responsável pelas nossas memórias e está constantemente em contato com a mente inconsciente.
A mente inconsciente é que mantém o equilíbrio da nossa psique, pois imaginem se tudo que aprendêssemos estivesse “passando” em nossa mente o tempo todo?
Então, quando vivemos uma experiência, o nosso inconsciente faz ligações e muitas vezes nos coloca em contato com sentimentos que não sabemos exatamente de onde vem (chamamos de intuição). Essas informações estão guardadas, mas não de forma consciente. Ex: Um cheiro que lembra a infância, aquele conhecimento que você não lembrava que tinha.
Já observou que quando você está muito exausto e não consegue resolver um problema, após uma boa noite de sono, no outro dia “do nada” a resposta surge?
Isso ocorre, pois você ficou com esse problema em sua mente, gastando energia, pensando e seu consciente estava engajado em resolvê-lo. Ao dormir (sono REM), no momento de processar esse conteúdo o subconsciente organiza e facilita a resposta. Segundo Freud, o subconsciente está localizado abaixo da nossa consciência e pode ser sim acessado se você se esforçar para isso.
Olhando por esse lado, essas mensagens dadas as crianças podem ser aceitas em níveis inconscientes colaborando na mudança de hábito. Observando que nessa idade o sendo crítico, o lado mais racional e lógico do cérebro da criança ainda não está completamente formado, então, sugestões, críticas e elogios afetam sim as crianças e seus comportamentos. Basta entendermos até que ponto isso ocorre dormindo.
E agora olhando para o outro lado(risos), quando os pais falam sobre um novo comportamento e/ou mudança toda noite para a criança eles naturalmente acabam internalizando o processo também. Dessa forma, o aceitam com mais facilidade e movimentam-se para que ocorra (tomam atitudes e ações reais).
Essa segurança e certeza dos pais é que fará tudo acontecer, pois a criança sentirá e aceitará com mais facilidade qualquer novo processo. Afinal, como sempre ressalto, o ambiente emocional em que a criança vive, e claro, a postura dos pais é o que realmente ensina (de forma positiva ou não) e faz os milagres acontecerem
Enfim, acredito que vale a pena tentar sim, mas falar apenas com a criança não adianta. É preciso colocar as mudanças em prática durante o dia, precisa ser um trabalho conjunto, um movimento que ocorra na vida toda da família.