Olá pessoal!
Sabemos que diversas mudanças ocorrem na vida dos casais que tem filhos, isso é normal e é esperado (estranho seria se isso não acontecesse). Afinal, não é apenas a liberdade do casal que “está em jogo” e sim a liberdade pessoal de ambos. A liberdade para realizar seus Hobbies, sair sozinho ou com amigos, a liberdade para escolher o que cada um deseja almoçar (sem pensar no que o filho precisa comer), a liberdade para ler um livro ou dormir durante todo o final de semana. Enfim, realizar qualquer atividade que dependa apenas da decisão e desejo de uma pessoa.
Agora, tudo começa a ser baseado na rotina dos filhos: aonde sair, com quem sair, sair? O que levar? Que horas voltar? Ir ao banheiro se torna um desafio. Ir ao mercado precisa de organização e todos esses detalhes influenciam muito nos sentimentos de cada individuo. É como se a liberdade de ambos fosse “arrancada com as mãos” e isso nos faz mudar, e como faz! Não é fácil aprender a lidar com as nossas próprias faltas e frustrações.
Essa falta de liberdade acaba influenciando muito no dia a dia e no relacionamento do casal, pois acabamos nos tornando pessoas menos tolerantes, mais nervosas, mais cansadas, mais carentes, menos empáticas, etc. Na maioria das vezes não é a falta de tempo que o casal tem para ficar junto (pois, sempre é possível encontrar momentos) que influenciam nas brigas, separações, ofensas, sentimentos abalados e sim na dificuldade de lidar com AS PRÓPRIAS emoções.
Esses detalhes são confundimos diariamente e muitos casais não tem a oportunidade de refletir porque o casamento “perdeu a graça”, o “amor acabou/esfriou” ou porque ambos se tornaram pessoas tão diferentes, até mesmo estranhas. E a explicação é “simples”: quando o ser humano não encontra mais prazer na sua própria vida ou quando lhe é “arrancado” tudo que lhe faz bem internamente a graça das coisas “desaparece”. Não é um problema apenas no relacionamento, mas um vazio pessoal. Você já deve ter lido “milhares” de vezes por ai: que é preciso amar-se em primeiro lugar para depois ter a capacidade de amar o outro e isso é a maior verdade desse mundo.
Pessoas com auto estima abalada, com dificuldades em se valorizar ou se amar, sentem grandes dificuldades em manter relacionamentos (buscam/tornam relações vazias, “cheias de defeitos” e que constantemente não dão certo). E mesmo que nunca tenhamos passado por isso na vida, quando os filhos nascem nos questionamos em diversos momentos sobre quem somos e o que aconteceu com nossas vidas.
E nesse caminho é normal os casais estrarem em um período de crise pessoal/no relacionamento, afinal, as modificações aconteceram de uma maneira tão rápida e inesperada que é difícil compreender o que está acontecendo e voltar a se organizar. Pense: no início vocês eram apenas estranhos encantados e apaixonados, depois se tornaram um casal cheio de amor (suspiros e noites quentes) e mais tarde um casal com rotina e vida juntos. Mais tarde quando os filhos chegaram tudo isso foi amortecido e esquecido por um longo período, pois um bebê naturalmente exige cuidados e muita atenção. O foco e a vida mudam naturalmente.
Nossos pais, a escola, a universidade não nos prepararam para a realidade, não nos prepararam para ser pais. É apenas no dia a dia e com muito “tapa na cara” que aprendemos como criar e educar uma criança (duas, três, quatro, etc.). Então, precisamos aprender o que é ser um casal com filhos e isso acontece com o tempo, ninguém nos da um período de teste: “primeiro vocês podem testar, se adaptar, aprender, depois modificar suas vidas e levar para casa”. Isso acontece do dia para noite: dormimos um casal e acordamos depois do parto outro, sem tempo para respirar, dormir, aprender, nos preparar, essa é a “crua e nua” realidade. Como a vida de um casal poderia ser a mesma depois de tudo isso?
Enfim, é preciso assumir e perceber que AS COISAS MUDARAM E ISSO É NORMAL. Não fique cobrando mudanças do(a) seu(a) parceiro(a) ou demonstrações diárias de amor, pois você acha que ele(a) está diferente sem antes analisar que você também pode estar. Reflita primeiro sobre tudo que lhe aconteceu nesse período (e isso só acontece geralmente depois que os filhos completam 1 ano), quem você se tornou e, principalmente, QUEM VOCÊ QUER SE TORNAR. Depois, você estará pronta(o) para conversar e realmente fazer mudanças milagrosas na sua vida. Você sabe o que quer? Você tem novos objetivos? Aonde você quer chegar?
E por mais difícil que seja a vida de vocês as coisas só mudarão se o casal aceitar que as coisas estão diferentes e que ambos precisam buscar uma nova maneira de se organizar: dividir as tarefas, cada um ter um dia livre, sair com amigos, ter tempo para ler um livro, buscar ajuda, programar um dia em casal, acordar mais cedo, etc. Ambos precisam ter uma vida, ambos precisam de espaço. Para viver em equilíbrio é preciso ser “eu” e ser “casal” também.
É importante perceber que muitas vezes nós acabamos transformando a nossa vida e a nossa rotina na vida dos filhos, quando na realidade os FILHOS DEVERIAM SE ADAPTAR, ou melhor, nós adaptarmos os nossos filhos a nossa vida (com exceção total aos primeiros meses que não existe rotina/tempo/espaço apenas os cuidados do bebê). Consequentemente acabamos abandoando muitas coisas que amávamos e sofremos com essas faltas. Saiba: isso não está acontecendo apenas com você, a maioria dos pais de “primeira viagem” acabam vivendo essa situação, pois não nascemos pais, nos tornamos pais (e descobrimos com o tempo que não precisamos superproteger uma criança para ela ser feliz e saudável), mas não esqueça: isso pode (e deve) mudar!
Os filhos e a falta de tempo na maioria das vezes são desculpas que as pessoas dão para os seus desânimos e falta de vontade. E esses sentimentos não significam falta de amor e sim cansaço, rotina, novamente: é preciso refletir: será que amamos a pessoa que nos tornamos? Eu sou feliz comigo mesma(o)? Quem sou eu dentro desse relacionamento? O que eu desejo mudar? O que desejo para minha família?
E para finalizar, existe sim vida/relacionamento após os filhos, mas para voltar a ser aquele casal (de uma maneira diferente, claro) cheio de amor no coração, que ficava feliz apenas por estar abraçadinho assistindo um filme ou feliz cozinhando “um prato” novo. Aquele casal que sorria quando se encontrava e sentia aquele “nó na garganta” quando estava longe. Enfim, aquele casal que se amava, é preciso assumir uma nova postura em relação à vida. Se for preciso mudar a rotina, o trabalho, o que for necessário, mas é preciso ter consciência de que as coisas não voltarão a ser iguais a antes e mesmo assim nós podemos ser felizes, apenas de uma maneira diferente.
Uma coisa que eu aprendi depois que me tornei mãe: passamos a valorizar ainda mais quem amamos, a vida, a rotina depois que temos um filho. É nesse momento que recebemos a oportunidade de perceber os incríveis pequenos detalhes da nossa vida, mas para isso acontecer é preciso parar, ter um tempo só, é preciso se permitir. Essas reflexões não ocorrem “do nada” e sim (geralmente) depois de enfrentarmos as grandes dificuldades que a maternidade nos proporciona. Por isso, lhes digo: utilize seus períodos de crise para crescer e superar as dificuldades e não para cair ou desistir. Como minha mãe me disse durante toda a minha vida: só aprendemos pelo amor ou pela dor e isso sim é a realidade!
Então, hoje quando você chegar em casa olhe para o seu(a) parceiro(a) com os mesmos olhos que você olha para o espelho. Quantas coisas novas você irá descobrir?
Ana. …..texto perfeito como sempre…..ótimas palavras……realmente só o amor mesmo é que resiste á todos os desafios da vida. …principalmente os da maternidade….que com toda certeza é uma faculdade á mais em nossas vidas! Super beijo
Ana! Adorei! Este texto serve muito bem também para as pessoas que desejam ter filhos, e não tem ideia das mudanças que ocorrem após nascimento, da importância de nenhum dos parceiros se privarem e da importância da ajuda mútua nessa nova fase!
Nossa reflete muito do momento em qye estou vivendo! Minha primeira filha!!